sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

«"Não!",gritou no escuro.
Acordou atormentada por aquele pesadelo, mais uma vez.Tentava desesperadamente esquecer aquela noite horrível, mas não conseguia. Não conseguia esquecer aquele olhar de puro ódio que ele lhe lançava. Como pôde ele fazer-lhe uma coisa daquelas? O que tinha ela feito para o merecer?
Não sabia a resposta para nenhuma destas perguntas, e era isso que mais a atormentava. Ela confiara nele. Pensava que estava segura do lado dele.
Levantou-se e foi até à cozinha buscar um copo de água.
Tentava acordar de vez e esquecer que tivera aquele sonho outra vez. Tentava esquecer o inesquecível. Tinha de o fazer, nem que fosse só pelo bem dos que a rodeavam.
A sua mãe já nem falava com ela de tão infeliz por ela não seguir com a sua vida. O seu irmão ligava-lhe somente nos feriados e adiava sempre uma visita. Os seus amigos, se é que eles ainda a contavam desta maneira, davam-lhe respostas furtivas sempre que tentavam marcar saídas, alegavam jantares de negócios, exames para estudar, pacientes para atender...
Não aguentava mais aquilo! Queria seguir com a sua vida,claro. Mas não conseguia, era sempre perseguida por aquela noite, pelo receio de que voltasse a acontecer.
"Esquece. Esquece o que aconteceu! Esquece-o! Ele já está morto. Por que é que ainda não o consegues esquecer? Mesmo deppois do que ele te fez?!", perguntou uma vez a sua melhor amiga.
Não sabia o que lhe ia responder. Talvez porque ainda o amasse, talvez porque não perdoava a traição. Talvez porque não o queria fazer. Não sabia.
Só sabia que o queria esquecer. De uma vez por todas, e sabia como o fazer.(...)»

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